quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A ultima carta

Este foi um dos meus primeiros textos, tenho que confessar. Essa carta suicída foi criada para participar de um concurso na antiga "RPG Maker Brasil" (Que vá em paz).
Enfim, foi divertido faze-la, e ainda é divertido ver como um dos meus primeiros textos foi um dos melhores já feitos.

Leiam e curtam, e depois comentem é claro o/




A Ultima Carta

Por: Kelvinouteiro

A minha vida não tem mais sentido, por isso decidi acabar com meu sofrimento de vez. Em momento algum desejo que você repita o meu erro, mesmo se você estiver passando os mesmo problemas que eu passei. Cada pessoa tem uma forma de se livrar e resolver seu problema, mas eu não achei nenhuma rota, a não ser esta...

Minha vida sempre foi desgraçada. Tive uma infância conturbada com direito a um pai bêbado e violento. Minha mãe era trabalhadora e sustentava a casa e o vicio de meu pai sozinha.
Certo dia, ela se recusou a dar dinheiro para ele porque estava faltando comida para dar para seus três filhos. Em resposta a isso, ele a jogou contra a parede e esmurrou a cabeça dela, sem que ela pudesse fazer nada. Nós ficamos em estado de choque, ver nossa mãe morrer assim, brutalmente, e pelo nosso pai. Quando ele percebeu a besteira que ele fez, me olhou nos olhos, soltou uma lágrima, praguejou contra sua própria vida e saiu porta afora. Desde então, nunca mais tive noticias dele.

Depois disso, nós fomos separados pela justiça para abrigos diferentes. Eu fui adotado por tios da minha mãe que não tinham condições de adotar todos os filhos. Nunca mais ouvi falar dos meus irmãos.
Meus tios eram legais, mas nunca souberam lidar com meu problema de depressão. Eles me davam tudo do bom e do melhor, mas nunca deram o que eu precisava, que era carinho, atenção e amor.

Aos 15 anos eu encontrei minha primeira e única namorada. O máximo que eu cheguei a receber de carinho e atenção veio dela.

Atualmente eu tenho 17 anos, e hoje, ela me telefonou dizendo que precisávamos ter uma conversa séria. Ela chegou aqui em casa fria e com uma certa melancolia nos olhos. Parecia que ela não queria estar ali, e ter aquela conversa.

-Oi, tudo bem? – disse eu estranhando a expressão dela.
-Oi, tudo – disse ela em tom seco.
-O que aconteceu? Sua voz parecia nervosa ao telefone.
-Olha, eu... – disse ela perdendo a voz – eu vim aqui para te contar uma coisa...
-E o que é? – perguntei quase gaguejando.
-Olha, eu... Queria te contar isso antes, mas fiquei com medo da sua reação.
-Vamos! – Disse em tom alterado – Conte logo! Você está me deixando nervoso!
-Ok, vamos lá – disse ela para si mesma – Eu quero dar um tempo no nosso relacionamento.
-Como é que é? Porque isso? O que eu fiz de errado? – comecei a falar em tom choroso.
-Você não fez nada de errado. Você é perfeito, doce, atencioso... O problema não é você, sou eu.

Minhas pernas estavam perdendo o equilíbrio, meu corpo estremecia e estava com falta de ar.

-Não me venha com essa ladainha! – falei em um tom agressivo – Você está gostando de outro cara, não é?
-Olha, eu... – ela tornou a repetir isso.
-Não me venha com esse “olha, eu...” e fale logo! Seja direta!
-Eu juro que não queria! Foi acontecendo aos poucos...
-Mas que... – me segurei pra não soltar um palavrão

Nesse momento eu perdi a cabeça. Peguei uma faca na cozinha e fui pra cima dela.

-O que você vai fazer com isso? Não faz isso!

Por algum motivo eu parei com a faca no ar. Lembrei-me da minha mãe. Ela não merecia o mesmo fim que minha mãe levou. E afinal, eu não queria me tornar o mesmo monstro que meu pai foi. Resolvi fazer outra coisa.
Corri para meu quarto e tranquei a porta. Comecei a escrever esta carta enquanto ela bate na porta berrando “Não faça isso que eu estou pensando! Abra a porta! Precisamos conversar!”.

Não vou abrir a porta, não quero ver o rosto dela antes de morrer.
Se você está lendo isso, é porque eu já não estou mais entre vocês. Usem essa ultima carta como um aviso do que um pai violento pode fazer na vida de uma pessoa. Eu poderia ter matado a minha namorada e continuar o ciclo que foi criado pelo meu pai, mas eu não vou fazer isso.

Espero que você tenha um futuro melhor que eu.

Te espero na outra vida...

Adeus!

2 comentários:

  1. Incrivel companheiro!
    Está bem escrito, com um tema que poucos usam [ao menos nunca cheguei a ver muitos nesse estilo], foi muito bem pensado, eu gostei dessa cena.

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  2. Hehe, está muito legal e bem triste... Não me faça chorar agora =(

    Só faltou a parte que ele corta os pulsos ou crava a faca no próprio peito e agoniza até a morte =D

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