sexta-feira, 16 de março de 2012

Shen-Long, Apareça! - Crônica "After Life"

Shen Long me permitiu ressuscitar este blog, e minha net também, é claro -q
Pois então, pra quem não sabe, nos últimos 60 dias eu estava sem internet, ela estava cortada por falta de pagamento. Mas conversando, pechinchando, fazendo manobras a lá James Bond consegui um trato e por hora tenho internet de volta, mas pra isso precisei trabalhar e... isso não é história para agora =B

Olá pra quem sentiu saudades de mim, olá pra quem eu senti saudades, olá para os visitantes novos e para quem não está nem aí pro que eu posto xD

Vou resumir, tenho uma crônica, vocês querem ler, então fiquem com ela e até a próxima =B
Boa leitura õ/

Warning: Se você tem alguma coisa contra essa crônica, desabafe nos comentário e veremos no que dá =B

After Life
Por Kelvinouteiro

Aqui estou eu de novo. Acho que morri.

A ultima coisa que lembro em vida foram aqueles faróis fortes vindo em minha direção. Provavelmente era um caminhão.

De um instante para outro acordei nesse lugar estranho com uma estranha paz plantada em meu peito.

Sinto falta de algo. Minha esposa, ela estava comigo no carro. Espero que ela esteja bem, e viva. Ela é jovem, ainda tem muito que aproveitar da vida, ao contrário de mim, inconseqüente. Perdi a vida por beber demais.

Ao redor de mim, vejo centenas, senão milhares de pessoas marchando na mesma direção no que parece ser um enorme corredor ou túnel com paredes brancas ofuscantes.

Uma senhora de aparentes 87 anos cutucou minhas costas perguntando se eu tinha algum arrependimento. Tenho muitos. Não ter dado um beijo em minha mãe antes dela partir, não ter dito que amava o meu pai por mais bobagens que ele fizesse, ter bebido naquela noite...

Ela me respondeu que se arrependia de ter deixado a filha de 27 anos para trás, sem nenhum marido, irmão ou algo que possa se apegar depois que ela morresse.

Todas as pessoas reagiram a essa pergunta, e em questão de segundos todos naquele estranho corredor estavam falando da mesma coisa, sobre seus arrependimentos passados.

O carinha do meu lado disse que se arrependia por ter brigado com a namorada na noite de sua morte. Pelas marcas no braço, eu acho que ele se drogou e morreu de overdose. Do outro lado uma moça jovem, alta, ruminou algo como se arrepender de não ter deixado comida e água para seu cachorro.

Na minha frente tinha uma criança, sozinha. Ele era um menino de sete anos, Thomas era seu nome, nunca esquecerei isso. Ele não chorava, não tinha arrependimentos, não tinha nada. Quando perguntaram para ele porque ele estava tão calmo e silencioso, ele disse que sua mãe não deixava falar com estranhos em tom irônico e depois respondeu como se estivesse imitando alguém, sua mãe provavelmente, “As pessoas boas e que amam Jesus vão pro céu”, e disse também que iria encontrar com seus parentes lá.

Um silêncio mortal tomou aquele lugar.

Um silêncio longo e mortal se seguiu depois da frase daquele menino.

Lembrei-me de uma vez que minha mulher me levou para a sua igreja e o pastor disse algo parecido com isso. Provavelmente todos aqui também estão pensando em alguém que disse algo assim para eles. Todos têm medo de ir para o Inferno, por mais surreal que parece, ou por mais que mintamos pra nós mesmo dizendo que “O inferno não existe, não tenho medo dele”.

O silêncio durou por volta de meia hora. O único som que se ouvia era o dos passos da multidão. De repente, nem isso se ouvia mais.

Um grande portão apareceu no fim do corredor. Um portão gigante que cruzava os céus e por terra ia de horizonte a horizonte. Na frente do portão havia um homem sentado de lado com uma mesa na sua frente e um ramo de árvore do seu lado direito que saia de dentro do portão.

Em cima da mesa havia um tipo de livro gigante, maior que a própria mesa, mas de maneira estranha ela não estalava nem dava sinal de que iria quebrar. A Árvore tinha frutos que cresciam toda vez que o homem do portão arrancava para dar para a pessoa assim que achava o seu nome naquele livro gigante.

O medo consumiu todos. Existiam pessoas que não estava naquele livro, e eram muitas. Á aqueles que não estavam no livro, um fim terrível o esperava. Assim que o homem declarava que o seu nome não estava no livro da vida (era assim que ele chamava o livro), a pessoa instantaneamente pegava fogo e queimava sem danificar seu corpo. Gritava terrivelmente pedindo para morrer, mas a morte não vinha para ela.

Minutos depois algum tipo de anjo pegava essa pessoa pelos cabelos e levava embora para a direção contrária do portão, por cima do corredor por aonde viemos. E assim sumia.

Pouco a pouco a fila andava e em pouco mais do que 5 horas chegou à vez daquele garotinho, que sem sombra de dúvidas teve o nome achado no livro e recebeu o fruto da arvore da vida, para que não morresse mais.

Desespero abatia meu corpo, um forte arrepio gelado atravessou minha espinha e suor corria meu corpo inteiro. Minha vez chegou.

O homem folheou página por página com extremo cuidado procurando minuciosamente pelo meu nome sem dizer uma palavra, e nem perguntar meu nome. Ele sabia quem eu era, e eu sabia que ele era.

Minutos depois ele me olhou com um olhar que cortou minha alma e disse o seguinte: “Rafael, meu querido filho. Eu te dei tantas oportunidades, te dei tantas chances de voltar para mim... Você me aceitou como seu salvador, eu te redimi, mas você continuou a fazer novos pecados e não me dava chance de perdoá-los e redimi-los... A Jéssica sentirá saudades sua por sua inconseqüência. Adeus.”

Não preciso dizer mais. No fim dessas palavras o fogo do desespero, a chama da ira e o calor do inferno me consumiram. Procuro a morte, mas não consigo morrer. Daqui a pouco aquele estranho anjo vem me buscar. Fique com essas palavras, guarde em seu coração e procure por um fim diferente do meu. Volte para Jesus.
Próxima crônica será uma comédia romantica, ou não =B
Abraços õ/

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